top of page

O amor em minha vida

  • Foto do escritor: A.C S.M
    A.C S.M
  • 2 de ago.
  • 5 min de leitura
Adivinha quem voltou com mais uma resenha depois de um mês ausente??

O livro da vez é um dos muitos hypados e, por uma das raras vezes, sinto que o hype fez jus ao peso que as palavras dele carregam. Comecei a ler esperando uma coisa voltada para sessão da tarde, mas ALÉM DISSO e dos clichês agradáveis há uma lição por trás.


Por trás não, pela frente, verso, ao contrário e do avesso! Não e brincando quando falo que grifei muitas frases e meu pulso chegou até a ficar dolorido.


Sério, até agora não sei como resisti a vontade de rabiscar tudo...



O amor ((depois)) da minha vida é um romance bem humorado de Kirsty Greenwood. Eu nunca tinha entrado em contato com a escrita da autora, nem sei se ela tem outros lançamentos aqui no Brasil, no entanto o conforto que senti e a leveza superaram qualquer expectativa (não eram lá muitas, mas acho que ler sem pensar muito antes e deduzir coisas contribuiu com minha experiência)


Sem esperar nada, me entreguei ao enredo e a Delphie que, após comer um hamburguer congelado e se engasgar em seu apartamento, para no Além Vida. Lá ela conhece Merrit, uma agente com trajes peculiares e personalidade forte e, quando digo forte, me refiro a uma verdadeira amante de clichês, filmes e cultura pop no geral.


Após esse encontro fora do comum, Delphie tem acesso a uma reprise dos seus melhores momentos no plano terrestre e, bem, não são lá muito confortáveis de se assistir. Fora os episódios do Bullying que sofria, seus dias parecem iguais e vivia sozinha, tirando pelas vezes que se unia com seu vizinho para tomar café, Sr. Yoon. Grande homem!


Ainda no Além Vida Delphie acaba esbarrando com um par de olhos claros e aí foi a primeira vez que encontra John, com quem sente uma conexão quase instantânea, praticamente sobrenatural. A interação dura pouco menos de alguns minutos, mas Merritt garante a ela que John seria uma das suas alma gêmeas (sim, temos mais de uma espalhadas por aí, ou seja, menos chance de morrermos sozinhos. Bastante reconfortante, não?)


Como oportunidade de voltar, Merrit propõe que Delphie volte e consiga um beijo de John por livre e espontânea vontade dele, só então teria sua vida de volta. Só que não é tão fácil assim, né? O homem não se recorda de ter a conversa com Delphie e, para piorar, tem o prazo curto de dez dias.


Ao longo da narrativa temos uma protagonista antissocial, reduzindo seus pensamentos aos acontecimentos passados, pessoas ruins que não mereciam que desperdiçasse seu tempo remoendo e odiando cada coisinha feita por elas. E, nesse livro, o que mais vemos é essa questão do tempo.


Tempo. O quão precioso ele é? E o fato de que, sempre ao final de uma semana cansativa ou até mesmo de uma noite, desejamos termos aproveitado um pouco mais. Agora, como levaria se essa noite ou essa semana fosse a sua última? Se conformaria?


No caso de Delphie, se conformar nunca foi uma opção. Desde o início acompanhamos as suas dificuldades de interação, tomando atitudes que não bate com sua personalidade eremita, até conversando com desconhecidos (em sua maioria conhecidos em potencial, pessoas que manteve distância para evitar criar intimidade) e Delphie persisti até o último segundo e mais um pouco depois dele, algo que comove o leitor e faz com que ele torça mais e mais pelo seu sucesso.


Delphie é desengonçada e tão humana, talvez seja esse um dos pontos que nos tragam para perto dela, não só no quesito de identificação, mas o reflexo de suas ações dizem muito sobre a pessoa que ela é sobre quem ela está - aos poucos - revelando ser. Lados de uma mesma Delphie incompleta que se completam e que, ao serem unidos, mostram essa mulher imperfeita hilária.


Delphie me prendeu, a maneira que atraia as pessoas naturalmente ,como mariposas atraídas pela luz - quando se soltava e deixava de lado suas defesas e postura "hostil" - soa real demais. Aled, o bibliotecário, Cooper, o vizinho mulherengo que suspostamente não tem jeito e até o próprio Sr. Yoon que se aproxima mais dela. Porque Delphie convida qualquer um a se aproximar.


Ela só entende isso depois, tarde demais. Bem, quase.


A construção das cenas, a suavidade que elas passavam, os diálogos compreensíveis, mas não tão previsíveis quanto imaginei, cada pequeno detalhe fez parte da minha experiência de leitura. Devorei esse livro, carregava para todos os cômodos da casa, chegava a ser engraçado porque, embora eu lesse, as vezes me pegava segurando ele sem sequer ter intenção de ler. No final, já sabemos o que acontecia...


Eu lia. Lia bastante.


Existe algo de reconfortante na rotina que Delphie levava, uma constante e, dessa constante, surge o comodismo e, depois que nos acomodamos dentro de um meio, acabamos adentrando no modo passivo. Aceitamos aquilo, apesar de não ser mesmo tão ruim tirar um tempo para si, ver uma boa série - evite o golpista do Tinder, óbvio - comer com alguém especial, trabalhar num lugar seguro...


Mas isso é só uma parcela do tempo! E quanto ao resto? O que sobra? As saídas corriqueiras? Os cursos? Os encontros fracassados - até vergonhosamente traumáticos, mas que viram história depois?


Acabei me questionando essas coisas simples, a necessidade de viver, não necessariamente dando uma de Jim Carrey em "Sim, senhor" mas, sim, reconhecendo o que queremos e nos permitir vivenciar esse querer, desde que nos faça bem. Coisas que deixamos para depois, mas as vezes esse depois nunca chega, entendem? Delphie diz que "a vida é curta demais para a gente demorar a executar uma boa ideia"


Fora os pontos de reflexão e algumas lágrimas tímidas de emoção - esse livro me pegou desprevenida, não nego - há também complementos que dão mais carisma à narrativa! Referências a cultura do cinema, como menção a Bridget Jones, Patricinhas de Baverlly Hills, Grease, Premonição...Enfim, são nomes bastante influentes e que eu, particularmente, tenho um carinho enorme. Clássicos.


Meu fraco é a Bridget, vocês sabem! Mas o melhor é que em nenhum momento senti a autora forçando esses nomes ou recorrendo a eles para ter uma conexão desesperada com o leitor. Longe disso, foram, como mencionei anteriormente, meros complementos, acessórios textuais que caracterizaram aquele texto tão característico de Kirsty, porque a história já se dispunha a trabalhar nessa conexão desde o começo.


Saindo dessa parte, abro esses últimos parágrafos em menção honrosa ao mocinho com seu sorrisinho torto e cachos macios, Cooper. Ele sofreu bastante, não como Delphie, mas também é uma dor pesada que vem carregando em seu peito incompleto e há um desenvolvimento proveitoso da sua bagagem emocional, mostrando mais do que a casca do vizinho barulhento e sexualmente ativo que conhecíamos.


Cogitei que não seria ele o cara, mas acabou sendo, o que me agradou. Enfim, não irei entrar muito em detalhes porque o romance é só uma pontinha nessa imensidão. O livro é sobre família, escolhas, superação e luto.


Sobre deixar ir, mas ao mesmo tempo quanto tempo levamos até diferenciarmos aquilo que vale mesmo largar, daquilo que devemos segurar com força. Valorizar.


Delphie é alguém que segurou certas coisas por tempo demais, se trancou dentro daquele apartamento, principalmente. Quando ela se abre, um mundo inteiro se revela e a recebe.


As frases ficaram na minha cabeça e essa obra teve um lugar no meu coração. Um lugar que não foi reservado, mas sim roubado e eu deixo esse espaço para ele de bom grado!


Recomendo a leitura, caso não procure algo raso e estiver a procura de sentir alguma coisa. O amor depois da minha vida proporciona essa chuva de sentimentos e nos provoca pensamentos, cabe a gente decidir o que fazer com eles depois. Ou melhor, o quanto antes, afinal, pode não haver depois.


Tentar fazer algo que te assusta é quase tão bom quanto fazer de fato.

por aqui fico e me despeço, literatas! Bem emotiva e reflexiva pro resto da semana ksks




Comentarios


Impulsusdeliterata

  • alt.text.label.Instagram
  • skoob
  • wattpad
  • TikTok

©2023 por CorvusLectio. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page